O acontecimento Antropoceno
A Terra, a história e nós
Christophe Bonneuil, Jean-Baptiste Fressoz
Livro publicado em co-edição com a Editora da Unicamp
Coleção: Mudanças climáticas
Frete grátis em pedidos acima de R$ 150
Sobre o livro
Os cientistas afirmam: a Terra entrou em uma nova era, o “Antropoceno“. Mais do que uma crise ambiental, estamos vivenciando uma transição geológica que se origina da ação humana. Os vestígios da civilização ocidental, da nossa era urbana, química, nuclear e consumista permanecerão durante milhares ou mesmo milhões de anos nos arquivos geológicos do planeta.
Como chegamos até aqui? Ao reunirem ciência, política e economia, os historiadores Christophe Bonnneuil e Jean-Baptiste Fressoz analisam os acontecimentos mais decisivos dos últimos séculos sob a perspectiva do meio ambiente. Com isso, elaboram um inventário ecológico do modelo de desenvolvimento industrial que desde o início se revelou insustentável e gerou resistências; é essa história de resistências que abala a crença em um suposto despertar da “consciência ambiental” na atualidade.
Os autores fornecem indicações dos modos de atuar politicamente naquilo que se convencionou chamar de “Antropoceno”. De maneira contundente, apontam para o caráter problemático e nada neutro desse termo, mostrando que outras narrativas sobre as mudanças climáticas são necessárias. Dessa análise profunda e detalhada no livro, resulta o manifesto de uma nova geração de historiadores.
ANO DE LANÇAMENTO 2024
ISBN 978659979528-2
ACABAMENTO Brochura
CAPA Caterina Bloise
FORMATO 13,5 cm × 21 cm
PESO 0,490 kg
PÁGINAS 400
TÍTULO ORIGINAL L’Événement Anthropocène – La Terre, l’histoire et nous
Autores
Jean-Baptiste Fressoz é historiador da ciência e do meio ambiente, pesquisador no CNRS e professor na EHESS. Dedica-se à história das transições energéticas nos séculos 19 e 20 e é autor de L’Apocalypse joyeuse (Paris: Seuil, 2012) e Sans transition. Une nouvelle histoire de l’énergie (Paris: Seuil, 2024).
Christophe Bonneuil é pesquisador e professor de História da Ciência no CNRS e na EHESS (França). É um dos autores de Prédation: nature, le nouvel eldorado de la finance (Paris: La Découverte, 2015) e um dos organizadores de Histoire des sciences et des savoirs – le siècle des technosciences (Paris: Seuil, 2015).
O que falaram do livro
Esta obra ousada e brilhantemente fundamentada sobre a era do Antropoceno é um corretivo ao pensamento cômodo a respeito das graves perturbações humanas no sistema Terra. Bonneuil e Fressoz propõem que recusemos as soluções convencionais baseadas no mercado, que, afinal, perpetua a destruição do planeta.”
BARBARA KISERensaísta, editora da seção
de livros da revista Nature
Um livro importante, informativo (…) qualquer pessoa que esteja pensando sobre o que faremos daqui para frente deve lê-lo.”
NATHALIE BENNETT
The Ecologist online
(…) questiona as certezas da nossa modernidade, do nosso modo de desenvolvimento, da nossa visão
de mundo.”
LIBÉRATION
O livro é um clássico (…) ele se consagrou como uma das melhores contribuições ao debate sobre o Antropoceno, a nova época geológica em que o planeta ingressou em meados do século passado (…) Seus autores analisam as constituintes físicas e biológicas de nossa época geológica, mas também suas implicações sociais, políticas e filosóficas. Ninguém, creio, sairá deste livro do mesmo modo como nele entrou.”
LUIZ MARQUES
professor de história da Unicamp, autor de Capitalismo e colapso ambiental
Em uma época na qual a palavra ‘Antropoceno’ está em voga, este livro bem documentado e bem escrito ajudará os leitores a mapear os diferentes significados desse termo tão instável. Os autores mostram a diversidade histórica surpreendente das ações humanas naquilo que é genericamente chamado de ‘crise ambiental’.”
BRUNO LATOUR
antropólogo, autor de Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no Antropoceno
Trechos do livro
O que, exatamente, aconteceu na Terra nos últimos 250 anos? O Antropoceno. O Antropo – o quê? O Antropoceno: já estamos nele, então é melhor assimilar essa palavra bárbara e seu significado. É a nossa era. Nossa condição. Essa era geológica é fruto da nossa história há mais de dois séculos. O Antropoceno é o sinal da nossa potência, mas também de nossa impotência. É uma Terra cuja atmosfera está alterada pelos 1.500 bilhões de toneladas de dióxido de carbono que despejamos com a queima do carvão e do petróleo. Um tecido vivo empobrecido e artificializado, impregnado de uma imensidão de novas moléculas químicas sintéticas capazes de modificar até mesmo nossa descendência. Um mundo mais quente, mais cheio de riscos e catástrofes, com uma cobertura glacial reduzida, mares mais altos e climas desequilibrados.[p. 13]
O problema de todas essas narrativas do despertar, da revelação ou da tomada de consciência [ambiental] é que elas são historicamente falsas. O período entre 1770 e 1830 se caracteriza, ao contrário, por uma consciência muito apurada das interações entre natureza e sociedade. O desmatamento, por exemplo, era visto como a ruptura de um vínculo orgânico entre a árvore, a sociedade humana e o ambiente global. [p. 112-113]
[...] se a história tem algo a nos ensinar, é que nunca houve transição energética. Não passamos da lenha para o carvão, depois do carvão para o petróleo, depois do petróleo para a energia nuclear. A história da energia não é de transições, e sim de acréscimos sucessivos de novas fontes de energia primária. O erro de perspectiva deve-se à confusão entre relativo e absoluto, entre o local e o global: embora o uso de carvão tenha diminuído em relação ao do petróleo no século 20, seu consumo continuou crescendo de maneira constante e, globalmente, nunca queimamos tanto carvão quanto em 2014. [pp. 143-144]
Índice do livro
Prefácio
Introdução
Parte I – O que significa o Antropoceno
1. Uma revolução geológica de origem humana
2. Pensar com Gaia. Rumo a humanidades ambientais
Parte II – Falar para a Terra, guiar a humanidade. Frustrar a grande narrativa geocrática do Antropoceno
3. Clio, a Terra e os antropocenólogos
4. O especialista e o anthropos: Antropoceno ou Oligantropoceno?
Parte III – Que histórias para o Antropoceno?
5. Termoceno. Uma história política do CO2
6. Tanatoceno. Potência e ecocídio
7. Fagoceno. Consumir o planeta
8. Fronoceno. As gramáticas e a reflexividade ambiental
9. Agnotoceno. Externalizar a natureza, economicizar o mundo
10. Capitaloceno. Uma história conjunta do sistema Terra e dos sistemas-mundo
11. Polemoceno. Objeções à ação antropocênica
Conclusão. Sobreviver e viver no Antropoceno
Lista de figuras
Índice onomástico
Notícias e links
Artigo: Antropoceno em pauta (Alexandre Macchione Saes, Jornal da USP)
Entrevista com Jean-Baptiste Fressoz: “A transição energética ainda não começou” (IHU/Unisinos)
Link para edição francesa: L’Evénement Anthropocène (Éditions du Seuil)
Link para edição inglesa: The Shock of the Anthropocene (Verso Books)