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Esse tempo que não passa
seguido de ‘A cabine de trem’
Jean-Bertrand Pontalis
TRADUÇÃO Lívia Bueloni Gonçalves
TEXTO DE ORELHA Celso Halperin
Coleção: Histórias da Psicanálise
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SOBRE O LIVRO
“Qual o ensinamento que a psicanálise nos oferece – quero dizer a experiência, a comprovação da análise, ou, o que é a mesma coisa, a comprovação do estranho – a ponto de podermos considerá-lo seu principal ensinamento, talvez o único? É que o tempo não passa”.
Assim começa esta obra de J.-B. Pontalis, que pretende tornar sensível, em vez de justificar com argumentos e provas, a constatação de que para a psicanálise o tempo fica suspenso. Dividida em três seções – Tempo outro e outro tempo, Movimentos, Encarnações –, o livro se organiza a partir da famosa e enigmática afirmação de Freud segundo a qual o inconsciente ignora o tempo linear, contrariando nossa percepção comum. Pontalis expõe de maneira notável as ligações da psicanálise com a memória e com a literatura, sobretudo a partir da ideia de transferência na análise.
Na parte final, o livro traz uma seleção de fragmentos literários: A cabine de trem. Pontalis vê na cabine de trem a metáfora mais adequada para evocar o que acontece, o que se troca, o que é sonhado e o que se inventa no consultório do analista.
ANO DE LANÇAMENTO 2024
ISBN 978658314000-5
ACABAMENTO Brochura
CAPA Henrique Xavier
FORMATO 13,5 cm × 21 cm
PESO 0,260 kg
PÁGINAS 208
TÍTULO ORIGINAL Ce temps qui ne passe pas
Autor
Jean-Bertrand Pontalis (1924–2013), psicanalista, editor e escritor francês, foi membro da Associação Psicanalítica Francesa e fundador da Nouvelle Revue de Psychanalyse. Escreveu, com Jean Laplanche, a obra de referência Vocabulário de Psicanálise. É reconhecido pela articulação original entre teoria psicanalítica e escrita literária. Foi autor de Força de atração, Entre o sonho e a dor, A psicanálise depois de Freud, entre outros publicados no Brasil.
O que falaram do livro
Pontalis sempre dizia que não gostava de estudos acadêmicos ou arquivos. Queimava papéis e cartas, mas guardava suas fotografias, coladas em álbuns ou espalhadas diante dos livros de sua biblioteca. É por isso que, em seu trabalho variado e efervescente, ele se propôs a escrever narrativas curtas, habilmente construídas e destinadas dar a ilusão de que o tempo não tem idade”.
Élisabeth Roudinesco
Historiadora e psicanalista francesa
A confiança total na escritura e a desconfiança relativa na linguagem (…) forjou a obra complexa e secreta de Jean-Bertrand Pontalis: homem público e psicanalista, editor e escritor, ensaista e romancista (…) Sua obra literária é indissociável de sua obra psicanalítica”.
CLAUDE JANIN
Psicanalista e autor do livro J.-B. Pontalis (PUF)
Em uma bricolagem de textos e imaginação, Pontalis nos conduz por uma linda viagem entre a poesia e a psicanálise”.
CELSO HALPERIN
Psicanalista e membro da SBP de Porto Alegre
Trechos do livro
Consequência: a psicanálise não é, não pode ser, de seu próprio tempo. Ela não é de outro tempo, mas de um tempo outro. É anacrônica, ou melhor, para usar a palavra de Nietzsche, intempestiva. Ela é, ela deveria ser indiferente ao espírito do tempo.Essa revelação de um tempo outro desafia todas as nossas concepções de tempo: de um tempo cíclico, se considerarmos a rotação do nosso planeta ou o retorno periódico das estações; evolutivo, se nos referirmos ao desenvolvimento das espécies e dos organismos; linear – não seguindo uma linha reta, mas seguindo uma linha fragmentada – se reconstituirmos o curso da história humana. Ela contraria nossa percepção comum: a dos anos que nos escapam por entre os dedos, a da queda verti- ginosa dos grãos de areia na ampulheta, a dos nossos dias e do seu ritmo próprio, a do nosso corpo e da nossa mente quando nós os sentimos ganhar força ou declinar. [p. 13]
A psicanálise modificou aquilo que entendemos por história, assim como mudou nossa representação da memória. Para os historiadores de hoje, “fazer história” já significa construir o passado com base em questões e escolhas do presente. Descobrir que o paciente inventa para si sucessivos romances, um romance familiar e um mito pessoal, sustentar que o analista “constrói” uma história na qual, ao fim, o analisando se reconhecerá, impossibilita diferenciar nosso trabalho daquele dos historiadores que há muito tempo sabem que, mesmo que se atenham estritamente aos fatos estabelecidos, a escolha e o encadeamento desses fatos são uma questão de interpretação, que não há história sem construção e mesmo, para os mais ousados, que ficção e verdade andam de mãos dadas. [p.21]
E então acabamos pensando que a psicanálise está mesmo com os dias contados, que a sua estação está chegando ao fim, que ela é muito antiga – um século, essa massa de publicações que consultamos com um apetite cada vez menor, essas conferências, esses repetidos congressos... “o que há de novo?” – toda essa antologia de neoconceitos que parecem acima de tudo fabricados para satisfazer o narcisismo do seu autor e distinguir-se do seu mestre ou vizinho... Estou sendo pessimista? Dificilmente. Escutemos o que está sendo dito a meia-voz. [p. 36]
Índice do livro
Esse tempo que não passa
Tempo outro e outro tempo
– A estação da psicanálise
– Instantâneos
– Movimentos
Processo ou travessia?
– No princípio do movimento
– Do outro lado do Atlântico ou breve encontro com um porco-espinho
Encarnações
– ISSO em letras maiúsculas
– O sopro da vida
Referências bibliográficas
A cabine de trem
Origem dos textos
VÍDEOS E PODCASTS