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A cultura do tempo e espaço
1880 – 1918
Stephen Kern
TRADUÇÃO Ana Carolina Mesquita
PROJETO DE MIOLO E CAPA Henrique Xavier
APÊNDICE INÉDITO À EDIÇÃO BRASILEIRA
Coleção: Interdisciplinares
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SOBRE O LIVRO
Nesta clássico da historiografia contemporânea, Stephen Kern parte de uma hipótese aparentemente simples: as transformações tecnológicas ocorridas entre 1880 e a Primeira Guerra estabeleceram novas formas de compreender e vivenciar o tempo e o espaço, desencadeando profundas mudanças sociais.
Para comprovar a hipótese, o historiador localiza com precisão o nexo entre o surgimento de tecnologias específicas e a ruptura de formas convencionais nas artes e no pensamento ocidentais.
Mas Kern não se limita a descrever os impactos de inovações como o telefone, a eletricidade, a bicicleta, o avião, o raio x, os arranha-céus, a hora-padrão. A singularidade de sua interpretação consiste em mostrar o modo pelo qual essas invenções também se fizeram presentes na poesia simultânea, no romance de fluxo de consciência, na psicanálise, nas filosofias de Nietzsche e Bergson, no cubismo de Picasso e Braque, ou na Teoria da Relatividade de Einstein.
Ao justapor fenômenos tecnológicos, artísticos e científicos com desenvoltura, Kern demonstra então como as mudanças na percepção coletiva de categorias de tempo e espaço possibilitaram a subversão de valores tradicionais. A renovação desses conceitos tanto explicaria, por sua vez, o declínio das sociedades aristocráticas no final do século 19, como permitiria interpretar a reorganização institucional da ciência, o desenvolvimento das linhas de montagem, os novos planejamentos urbanísticos e a guerra de trincheiras que viria a seguir.
Publicado originalmente pela Harvard University Press, A cultura do tempo e espaço: 1880-1918 hoje é considerado uma obra fundamental da história das ideias e dos estudos interdisciplinares, oferecendo um modelo rigoroso para a análise das relações entre tecnologia, arte e ciência.
ANO DE LANÇAMENTO 2023
ISBN 978659979526-8
ACABAMENTO Brochura
FORMATO 15,5 cm × 23 cm
PESO 0,720 kg
PÁGINAS 488
TÍTULO ORIGINAL The Culture of Time and Space: 1880-1918 – With a New Preface
AUTOR
Stephen Kern é professor de História Europeia Moderna na Ohio State University, especialista em história cultural e intelectual da Europa e dos EUA. Publicou Uma história cultural da causalidade (Princeton Press), O romance moderno: uma introdução crítica (Cambridge Press), entre outros. Sua obra já foi traduzida para alemão, italiano, holandês, turco, japonês e coreano.
O QUE FALARAM DO LIVRO
A tese incomum de Stephen Kern contesta noções estabelecidas como a da existência de duas modernidades: uma tecnológica e uma estética, conflitantes e antagônicas entre si. (…) Essa forma de apresentação, que expõe ideias opostas e antíteses, e um conteúdo que interpreta cultura como uma função do tempo e do espaço, possibilita a Stephen Kern a realização de um estudo que pode ser considerado uma nova forma de historiografia.”
BERTA SICHEL
curadora, escritora e pesquisadora brasileira
O livro de Kern é extraordinário: imaginativo, contundente, erudito e de fácil leitura.”
EUGEN WEBERhistoriador, professor da Universidade da California (UCLA)
Um ensaio brilhante e audacioso sobre a história intelectual que revela como o pensamento, a tecnologia, a arte e a política transformaram o tempo objetivo e as hierarquias burguesas de espaço.”
THE NATION
Nenhuma síntese consegue fazer justiça à riqueza e à extensão deste livro, repleto de ideias, evidências e exemplos, oferecendo o relato mais abrangente da vida intelectual nas décadas cruciais que antecederam a Primeira Guerra Mundial, quando grande parte do mundo moderno foi moldado. O domínio de Kern sobre arte, arquitetura, filosofia e psicologia, física e tecnologia é impressionante: ele transita de Proust a Picasso, de Einstein a Stravinsky, com maestria e entusiasmo.”
LONDON REVIEW OF BOOKS
TRECHOS DO LIVRO
"Entre mais ou menos 1880 e o início da Primeira Guerra Mundial, uma série de profundas mudanças tecnológicas e culturais criou distintos modos de pensar e vivenciar o tempo e o espaço. As inovações tecnológicas, como o telefone, o telégrafo sem fio, o raio x, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião, estabeleceram as bases materiais dessa reorientação; desenvolvimentos culturais independentes, tais como o romance de fluxo de consciência, a psicanálise, o cubismo e a Teoria da Relatividade, moldaram diretamente as consciências. O resultado foi uma transformação das dimensões da vida e do pensamento. Este livro trata das maneiras com que norte-americanos e europeus passaram a conceber e vivenciar o tempo e o espaço nesse período." (p. 39)
(sobre o cubismo como inspiração para a camuflagem militar)
"A conexão entre cubismo e camuflagem, por exemplo, foi sugerida pelo comentário que Picasso fez a Gertrude Stein, ao ver os primeiros caminhões camuflados desfilando em Paris em 1915, de que os cubistas haviam inventado a camuflagem. Por uma série de motivos, a significância histórica desses dois fenômenos era familiar, porém, uma vez que nem Picasso nem Gertrude Stein documentaram essa conexão, de início supus que ele estivesse apenas observando essa semelhança significativa [...]. Pesquisas posteriores, no entanto, revelaram que o inventor da camuflagem se inspirara nos cubistas e reconhecia explicitamente essa dívida. Essa descoberta reforçou a minha interpretação das grandes mudanças ocorridas no combate da Primeira Guerra Mundial dentro do âmbito de uma metáfora cubista." (p. 46)"A capacidade de experimentar muitos eventos distantes ao mesmo tempo, possibilitada pela radiotelegrafia e dramatizada pelo naufrágio do Titanic, fez parte de uma grande mudança na experiência do presente. A reflexão sobre o tema foi dividida em duas questões básicas: se o presente é uma sequência de eventos locais isolados ou uma simultaneidade de múltiplos eventos distantes; e se o presente é uma fatia infinitesimal de tempo entre o passado e o futuro ou se tem duração mais estendida. Este segundo debate limitou-se basicamente aos filósofos, mas a questão sequência versus simultaneidade foi expressa por uma infinidade de artistas, poetas e escritores e se manifestou concretamente em outras novas tecnologias além da radiotelegrafia – o telefone, a prensa rotativa de alta velocidade e o cinema." (p. 116)
ÍNDICE DO LIVRO
Nota sobre a tradução brasileira
Prefácio à edição de 2003
Introdução
1. A natureza do tempo
2. O passado
3. O presente
4. O futuro
5. Velocidade
6. A natureza do espaço
7. Forma
8. Distância
9. Direção
10. A temporalidade da Crise de Julho
11. A guerra cubista
Conclusão
Agradecimentos
Apêndice à edição brasileira
Notas
Índice onomástico
NOTÍCIAS E LINKS
Entrevista: Project Q / Q2: Interview with Professor Stephen Kern
Resenha: Os elos subterrâneos da modernidade (Berta Sichel, Revista USP)
Link para a edição original (Harvard University Press) – https://www.hup.harvard.edu/catalog.php?isbn=9780674021693
VÍDEOS E PODCASTS