A voz humana

Giorgio Agamben


TRADUÇÃO e POSFÁCIO Cláudio Oliveira
Coleção:
R$ 57,00
à vista no cartão, pix ou boleto

Consultar frete e prazo de entrega
SOBRE O LIVRO
A relação entre voz e linguagem raramente aparece como tema na história da filosofia. Buscando preencher essa lacuna, o filósofo italiano Giorgio Agamben analisa o processo pelo qual a voz, enquanto fenômeno sonoro, se transforma em linguagem articulada e significativa.
Agamben mostra que, na Antiguidade, os gramáticos começavam seu tratamento da linguagem a partir da voz, distinguindo cuidadosamente a voz confusa dos animais – “o relincho dos cavalos, o uivo estridente dos cães, o rugido das feras e o sibilar das serpentes” – da voz “articulada” dos seres humanos. 
Desse modo, a antropogênese, o tornar-se humano do vivente, coincide com o acontecimento da voz, que a torna significativa e transforma o elemento expressivo do animal em instrumento de dominação e conhecimento. Mas o que é uma voz articulada?
Por meio de uma paciente investigação arqueológica, discutindo passagens de Aristóteles, Émile Benveniste e Jacques Derrida, o livro reconstrói o sentido e as modalidades dessa “articulação” da voz, questionando a função que a invenção da escrita teria desempenhado nela. 
Ao analisar a relação entre voz e linguagem, Agamben também questiona a relação entre som e sentido, entre o chamar e o significar. A voz passa a ser compreendida não apenas como meio da linguagem, mas como a própria condição originária da linguagem, o que desafia a tradição ocidental que sempre subordinou a fala à escrita.
O autor comprova que pensar sobre a voz significa pensar sobre o limiar em que a natureza humana se constitui, sobre a decisão política a respeito daquilo que é e daquilo que não é humano.
A edição ainda conta com um posfácio de Cláudio Oliveira, tradutor do livro, que situa a importância de A voz humana no percurso da obra de Agamben.
ANO DE LANÇAMENTO 2025
ISBN 978658314004-3
ACABAMENTO Brochura
FORMATO 13,5 cm × 21 cm
PESO 0,210 kg
PÁGINAS 128
TÍTULO ORIGINAL La voce umana
  Ler as primeiras páginas
Autor

Giorgio Agamben nasceu em Roma, em 1942, e é considerado um dos principais filósofos contemporâneos. Sua obra foi traduzida para mais de 25 idiomas e atravessa temáticas que vão da filologia à teoria política, da estética à teologia. É autor de Infância e história, Homo sacer, Estado de exceção, Profanações, entre outros.

O que falaram do livro
A autora explica, com beleza, que esse sentimento que nos domina e altera nossa relação com o mundo é uma ficção escolhida, adorável, humana, um fato de cultura”.
Julián Fuks
Colunista e autor de A resistência
Um registro profundo sobre o sentimento de estar em casa e sobre a ausência desse sentimento, escrito por uma das pensadoras francesas mais importantes e originais de nosso tempo”.
Simon Critchley
Professor da The New School for Social Research
Cassin busca nos conduzir, a partir do que há de comum na experiência de Ulisses na “Odisseia”, de Eneias na “Eneida” e de Hannah Arendt no exílio, a “um pensamento mais amplo, mais acolhedor, […] uma visão do mundo livre de todos os pertencimentos”.
Bernardo Carvalho
Romancista, autor de Nove noites
Uma obra brilhante na qual Cassin nos convida a fazer bom uso desse sentimento ambíguo, agradável e, por vezes, perigoso”.
L’EXPRESS
Trechos do livro
  • A palavra latina vox – como a grega phoné – significa tanto voz quanto vocábulo, tanto a palavra significante quanto a sua consistência sonora. Essa homonímia certamente não é casual. Nela vem à luz um problema filosófico fundamental em todos os sentidos, que, todavia, raramente foi interrogado como tema: o da relação entre voz e linguagem, a phoné e o lógos. No entanto, basta refletir ainda que só por alguns instantes para se dar conta de que dele depende a própria possibilidade de definir o homem como “o vivente que tem a linguagem”. E é provável que, enquanto esse problema continuar a permanecer em estado latente, ele, como tudo o que é recalcado, impedirá a colocação correta da pergunta filosófica decisiva.
  • A voz não é aqui o objeto de um saber, o fim de uma pesquisa puramente teórica. É, antes, uma via de saída das aporias em que permanece implicada a nossa concepção da linguagem, sempre já cindida entre língua e fala, nomes e discurso, semiótico e semântico. A nossa tentativa de conhecer o que fazemos quando falamos, de compreender a linguagem como a forma do tornar-se humano, implica de fato que se coloque decididamente em questão a concepção corrente da linguagem como um simples instrumento, um meio que o homem de vez em quando utiliza para os seus fins de domínio sobre o mundo e sobre os outros homens.
  • Filosofia e poesia são os modos em que o homem, comemorando e revivendo sempre a mesma antropogênese, procura superar a cisão entre a sua linguagem e a sua natureza. Poesia e filosofia não são duas substâncias contrapostas: são apenas as duas tensões polares que animam e percorrem a voz humana. Por isso, enquanto durar a cisão, sempre haverá poetas e filósofos e, juntos, eles deverão perder a cada vez a sua identidade, desaparecendo e anulando-se um no outro, chamando-se e revogando-se mutuamente.
  • (...) no problema da voz está em questão a própria definição da natureza humana, e toda investigação sobre a antropogênese, sobre o tornar-se humano do vivente, deve necessariamente se confrontar com o problema da relação entre phoné e lógos.

Índice do livro

A voz humana
1. Vocativo
2. A voz humana
3. O que é na voz?
4. A natureza humana

A voz como problema filosófico

Referências bibliográficas
Posfácio à edição brasileira
Índice onomástico

VÍDEOS E PODCASTS
A voz humana
Ao continuar navegando no site, você concorda como nossa política de privacidade, que inclui o armazenamento de cookies para melhorar sua navegação. Para saber mais, clique aqui.